Textos cruéis demais: Uma cidade, várias saudades e você

ATENÇÃO: Não sei aonde quero chegar com esse texto

Escrever é complicado. Sentir é complicado. Escrever sobre o que sentimos por vezes parece impossível, chega a ser desencorajador. No entanto, semana passada comprei um livro que me fez perceber que escrever é uma tarefa árdua, porque, muitas vezes, escrever significa deixar ir.

Desde minha última viagem parece que carrego São Paulo dentro do peito. Isso explicaria o caos em que me encontro agora. São Paulo pra mim, sempre foi sinônimo de descobertas e independência. Primeira viagem sozinha, primeiro festival de música, primeira vez na praia, primeira noite dormindo no sofá de estranhos, primeiro amor e primeiro coração partido.

São Paulo é poética. Um beijo na chuva em Interlagos, andar de mãos dadas na Paulista, almas entrelaçadas na República, trocas de olhares na linha amarela do metrô e um "eu te amo" em todo canto.

São Paulo é melancolia. Uma crise de ansiedade por não saber lidar com seu afastamento, 979 km de distância na maior parte do ano, uma segunda-feira de manhã em que decidimos parar de nos falar, saber que não vou mais te ver.

São Paulo foi um ensinamento. Aceitar minha solidão, lidar com sua falta, me encontrar. Te querer bem, me querer bem, não necessariamente juntas, mas completas. Admitir que ninguém tem culpa, as vezes o fim não precisa de uma justificativa e a paixão só acaba. Ser grata pela sua honestidade e cuidado com meu coração. Respeitar esse momento que estou vivendo, ter consciência de que a dor no peito, a angústia e a solidão vão passar. Me dar conta de que não é fácil seguir em frente e que te deixar ir é a maior prova de amor que posso te oferecer.

São Paulo é um sorriso, uma risada, incontáveis conversas, um rosto memorizado, sardas, olhos castanhos, cabelos cacheados, alguns palavrões, várias gírias, a incerteza do amanhã, tempo limitado, gratidão e uma eterna saudade.

São Paulo, pra mim, é você.